Tecnologia com moderação e sabedoria

O homem, por sua natureza, é um ser social, sempre inclinado a viver em comunidade, a buscar a felicidade por meio de suas ações e virtudes. No entanto, ao observar a condição atual da sociedade, não posso deixar de notar uma inquietação que se espalha como uma doença: o impacto da tecnologia, e em especial das redes sociais, sobre o desenvolvimento da virtude e da sabedoria.
Vivemos num tempo em que a busca pelo reconhecimento imediato e superficial tomou o lugar da verdadeira contemplação e da ação virtuosa. Nas redes sociais, o homem moderno procura a validação externa, como se a "felicidade" pudesse ser alcançada através de curtidas e compartilhamentos. Mas pergunto, com base na razão: pode a virtude ser medida por algo tão efêmero e instável como a opinião pública?
A verdadeira eudaimonia, que traduzimos como felicidade ou bem-estar, não se encontra nas opiniões voláteis de outros homens, mas sim na vida virtuosa, na prática constante do bem, na excelência do caráter. Para alcançar a virtude, o homem deve primeiro dominar seus apetites e inclinações, resistir ao excesso e buscar a temperança. As redes sociais, contudo, incitam o excesso: do consumo de informações, da busca por aprovação e da comparação entre vidas idealizadas.
A amizade, uma das formas mais nobres de relação entre os homens, também sofre com essa nova dinâmica. Ao invés de amizades profundas, baseadas na confiança mútua e na virtude, o homem moderno coleciona "amigos" de maneira superficial, como se a quantidade fosse mais valiosa que a qualidade.
Aristóteles já disse que a verdadeira amizade é rara, e somente possível entre aqueles que buscam o bem pelo outro e não por interesse. Assim, questiono: como podem as amizades virtuais, muitas vezes construídas sobre a superficialidade, promover o desenvolvimento da virtude?
A tecnologia em si não é má. Assim como todas as ferramentas, seu valor moral depende do uso que fazemos dela. As redes sociais poderiam ser um meio de promover o diálogo racional, de compartilhar conhecimento e sabedoria, de unir as pessoas em torno do bem comum.
Porém, para que isso aconteça, devemos primeiro dominar nossos apetites e entender que o verdadeiro valor da vida humana reside na excelência de caráter, não na aparência ou na aprovação dos outros.
Portanto, use a tecnologia com moderação e sabedoria, a buscar sempre a verdade e o bem em todas as vossas ações. Pois somente na prática constante da virtude o homem poderá alcançar a felicidade verdadeira, que não depende da opinião alheia, mas da harmonia entre a razão e a alma.

